Escrito por: Leonardo Resende Candido e Sophia Omena Ribeiro Revisado por: Lucas Galdioli
1. Introdução
O controle de parasitos em abrigos para animais é fundamental para assegurar a saúde e o bem-estar tanto dos animais quanto dos humanos. Algumas zoonoses – doenças que podem ser transmitidas de animais para pessoas – representam riscos significativos e podem estar presentes nas instalações. Entre essas, destacam-se dermatofitoses (infecções fúngicas), escabiose (sarna sarcóptica), larva migrans cutânea (bicho geográfico) e larva migrans visceral, além de outras doenças que podem ser transmitidas por fungos, carrapatos, pulgas e demais insetos. Por isso, a implementação de medidas de controle eficazes é essencial para minimizar esses riscos.
2. Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
É fundamental que os funcionários e voluntários utilizem equipamentos de proteção individual durante a manipulação dos animais e limpeza do local. Luvas e botas de proteção devem ser disponibilizadas e utilizadas de forma adequada para prevenir a transmissão de doenças. A higienização adequada após a utilização dos EPIs é igualmente importante, contribuindo para a segurança no ambiente.
3. Fluxo de limpeza
Contribuindo significativamente para o manejo sanitário e preventivo, a estrutura física do abrigo e sua separação em alas tornam-se extremamente importantes e devem ser apropriadas para uma correta higienização e fluxo de pessoas, a fim de evitar a disseminação de doenças no local. O abrigo deve ser dividido em área verde (área limpa e não crítica); em área amarela (intermediária e semicrítica); e áreas vermelhas (áreas sujas e críticas). Desse modo, pode ser realizado o remanejamento de animais infectados ou não e manter o fluxo adequado de pessoas entre as alas do abrigo.
4. Manejo Higiênico
Primeiramente, é necessário remover o material orgânico do local (como fezes e urina). Em seguida, deve-se realizar a lavagem com água e sabão, enxaguar novamente e, por último, aplicar o desinfetante, o deve ser aplicado sobre as superfícies previamente limpas, sem resíduos de matéria orgânica e detergente, pois ambos podem reduzir a eficácia ou até mesmo inativar o produto. O hipoclorito de sódio, se mostrou um desinfetante eficaz na eliminação de agentes parasitários, como o Ancylostoma spp. (Em casos de surtos pelo patógeno, esse processo deve ser realizado com a diluição recomendada diariamente, até que o surto esteja controlado.)
Após a desinfecção do ambiente e dos fômites, é fundamental lavar ambos para garantir a remoção total do desinfetante, prevenindo reações de hipersensibilidade nos animais. Os animais devem, preferencialmente, ser retirados do local durante a limpeza. Veja como realizar uma higienização adequada por meio do link: https://hdl.handle.net/1884/72622
5. Controle de Endoparasitos
As endoparasitoses, causadas por parasitos internos, como vermes, são uma preocupação significativa nos abrigos. Esses parasitos podem provocar gastroenterite e anemia, especialmente em filhotes. Diante disso, a administração de vermífugos deve ser realizada de forma controlada e permanente, sob a orientação de um médico-veterinário. Este acompanhamento é vital para a saúde dos animais abrigados, bem como para a proteção dos funcionários e da comunidade em geral.
6. Controle de Ectoparasitos
Os ectoparasitos, incluindo pulgas, carrapatos e ácaros, representam outra ameaça à saúde dos animais. Eles podem causar desconforto físico e psicológico e, em muitos casos, atuar como vetores de doenças. Por exemplo, a pulga Ctenocephalides sp. pode transmitir o Dipylidium caninum – parasito que compromete o intestino delgado dos hospedeiros. Assim, a prevenção da infestação por ectoparasitas deve ser uma prioridade, com tratamentos regulares e acompanhamento veterinário.
7. Vacinação e Quarentena
A vacinação dos animais é um aspecto crucial do controle de doenças. Animais devem ser vacinados na admissão e conforme um plano estabelecido por um médico-veterinário. Além disso, a implementação de um protocolo de quarentena para animais recém-chegados é essencial para prevenir a disseminação de doenças infectocontagiosas. Este procedimento deve ser seguido rigorosamente, garantindo a saúde do coletivo. Veja mais sobre vacinação em abrigos de animais no link: https://hdl.handle.net/1884/73179 e sobre a quarentena no link: https://hdl.handle.net/1884/73177
8. Programa de Controle Permanente
O programa de controle de endoparasitos, ectoparasitos e doenças infectocontagiosas deve ser contínuo e bem documentado. É responsabilidade do responsável técnico do abrigo elaborar um plano detalhado que esteja disponível para os funcionários e proprietários. A educação e o treinamento contínuos da equipe são fundamentais para o controle de doenças parasitárias no local.
9. Conclusão
A adoção de práticas rigorosas de controle parasitário em abrigos não apenas protege os animais abrigados, mas também a saúde da população em geral. A colaboração entre veterinários, funcionários e voluntários é crucial para garantir a eficácia das medidas preventivas. Assim, a implementação de um programa abrangente e sistemático é essencial para o bem-estar animal e a saúde pública.
10. Referências
ALVES, Maria Madalena Mestre Pereira. Controlo de doenças infecciosas e doenças zoonóticas em abrigos. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Agronomia) — Escola Superior Agrária de Elvas, Politécnico de Portalegre, Elvas, 2020.
CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Guia técnico para construção e manutenção de abrigos e canis. 2016. Guia Técnico. Paraná, 2016.
PROTOCOLO DE LIMPEZA EM ABRIGOS DE ANIMAIS. 2021. Relatório Técnico — Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, 2021.
MANEJO DE DOENÇAS EM ABRIGOS: Ancylostoma spp. 2020. — Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, 2020.